Neste blog partilho pensamentos e estados de espírito. Por isso mesmo não tem nenhum estilo ou motivo, é tão somente o que por vezes penso e sinto e que decido partilhar convosco. Pode ser visto, talvez, como uma viagem por mim próprio. Espero que me acompanhem e que gostem de por cá andar :)
quarta-feira, 19 de março de 2014
Brevemente num daltónico perto de si
Imbuído de espírito empreendedor na área da cultura trago hoje até vós o esboço de uma peça de teatro...desculpem...duma rábula fraquinha, mas que me ajuda a aliviar o fígado!
Local: Hospital Fernando Fonseca, comummente conhecido como Amadora-Sintra.
Quando: um dia de Fevereiro
Quem: duas personagens do sexo masculino com a mesma parentalidade
Dirigindo-se ao segurança da entrada do Hospital de Dia, pergunta a personagem 1:
- Pode dizer-nos onde é o serviço de oncologia?
- Com certeza. Siga a linha castanha que vai lá dar mesmo à porta.
- Obrigado.
Personagem 2 (alguns passos após o segurança, enquanto olhava para as seis riscas paralelas no chão):
- Qual é a castanha?
Personagem 1 (olhando também para as seis linhas...)
- Eu não vejo castanha nenhuma, mas como castanho e verde é tudo igual para mim deve ser a verde (só há uma que pode ser ou verde ou castanha, pensa a personagem 1, pois as outras não têm nada a ver com castanho...)
Personagem 2:
- OK!
Personagem 1:
- Bolas, esqueci-me dos exames no carro. Vai andando que já te apanho.
Seguimos agora a personagem 1 pelos corredores até ao carro e regressamos com ela ao ponto onde se tinha separado do seu irmão.
- Bolas que estes corredores são compridos...ah...a linha castanha acaba já ali...óptimo!
Ao chegar ao final da linha castanha, a mesma termina no Serviço de Sangue.
- Mau...querem ver que preciso de atravessar o Serviço de Sangue para chegar à Oncologia? Isso é estúpido...não pode ser. Vou ligar ao meu irmão.
Estou? Olha lá...segui a linha castanha e vim dar ao serviço de sangue.
Personagem 2:
- Pois, eu fiz o mesmo e afinal essa linha que nos parecia verde, mas que achámos que deveria ser a castanha pois não havia nenhuma outra parecida, era mesmo verde. Estás na linha errada.
Personagem 1:
- Então qual é a castanha?!?, pergunta a personagem 1 baralhada com a variedade tonal do sistema "orientador" do Fernando Fonseca.
Personagem 2:
- É a da ponta...aquela parecida com creme.
Personagem 1:
- Ah...a bege! (onde é que isto se parece com castanho? bah!)
P.S. 10% da população masculina é daltónica, o que faz com que 500.000 portugueses sejam daltónicos. Curiosamente, o Hospital Fernando Fonseca ainda não se apercebeu disso...
Cartoon extraído de: http://bigeyedeer.wordpress.com/2007/11/09/this-cartoon-just-blue-its-brains-out/
domingo, 16 de fevereiro de 2014
O falecimento é uma chatice...
...mas a boa notícia é que só depende de si!
Há coisas que aborrecem, outras que enfadam e outras que simplesmente chateiam. O falecimento é uma delas. O leitor pergunta-se neste momento se me estou a candidatar a algum posto de comentador televisivo por estar a constatar o sabido e óbvio. Não, caro leitor. Pode ficar descansado que eu ainda não estou para aí virado. Enfadá-lo por escrito empata-o bem mais que oralmente, pelo que aqui permanecerei.
Para o leitor perceber melhor esta minha reflexão, vou partilhar consigo esta bela experiência de vida que eu tive recentemente.
Local: sala de espera de um delegado de saúde pública da grande Lisboa;
Protagonistas: duas senhoras atrás do balcão, uma pessoa à espera de atendimento e aqui o vosso escriba;
Para efeitos de manter o sigilo (e porque, sinceramente, não faço ideia do nome das senhoras), chamarei senhora 1 e senhora 2 às protagonistas activas.
Sra. 1 (falando/gritando para a Sra. 2 à medida que se aproximava desta ao balcão) – Olha: temos mais um óbito!
Sra. 2 (mostrando alguma indignação com o assunto…) – Outro?!? Mas isto não é assim!
Nesta fase pensei rapidamente (sim, eu tenho a mente de um Lucky Luke, mas ainda na versão tabágica, que isto de um cowboy chupar palhinhas na versão politicamente correcta que actualmente é vendida é demasiado gayzola para o meu cérebro!!!): querem ver que o morto faleceu sem avisar? Isto de facto! Há gente que não tem consideração nenhuma pelo trabalho dos outros. Decide morrer e pumba…indecente!!!
Mas não era isso…
Sra. 2 (continuando a sua indignação) – Têm de ligar para a PSP e a PSP é que nos liga.
Aaaaaaaahhhhhhhhh, pensei eu. Afinal isto até é um diálogo normal e tal. Tu é que gostas de implicar. A Sra. 2 está indignada com muita razão. Quando alguém morre liga-se para a PSP e não para o delegado de saúde pública. Até porque ninguém tem o número do delegado de saúde pública da sua zona em casa, voltei eu a pensar (pode ser que se eu disser isto muitas vezes o leitor pense que eu penso muito…estou eu a pensar enquanto escrevo esta frase…está a ver, está a ver?). Errado de novo. Afinal alguém tinha o número do delegado.
Sra. 1 – Mas é da PSP!
Pois cá está. A PSP tem o número do delegado de saúde pública! Nem todos são como nós, mal informados e relaxados na sua cidadania!
Sra. 2 – Ah. Se é assim, então é preciso ligar ao Senhor Doutor para ele lá ir. Eles que digam qual é a morada.
Neste momento pensei como seria divertido a PSP não dar a morada e ir jogando ao quente…frio…morno…conforme o Senhor Doutor dava a sua posição GPS na esquadra, a qual era vista num mega-monitor na sala de espera. O objectivo era o frio, claro. Estamos a falar de um defunto!
Mas deixemo-nos de parvoíces que o assunto é sério. Por esta altura está o leitor a pensar que eu vou criticar a cadeia de telefonemas necessária quando se falece. Nada mais errado, embora o pudesse fazer perfeitamente.
A questão aqui é outra. Para que serve a Sra. 1? Ou a Sra. 2? Se o procedimento é mandar o Senhor Doutor para o local da morte (e já lá vamos tratar desta história de se falecer assim em catadupa, logo vários ao dia!!!), porque é que a PSP não liga de vez para o Senhor Doutor em vez de ligar para a Sra. 1 para que esta informe a Sra. 2, de modo a que esta diga à Sra. 1 para ligar ao Senhor Doutor? Estás a ser parvo, pensa o leitor (vê como sou seu amigo e também penso que o leitor pensa? Não sou egoísta!). A PSP sabe lá quem é o Senhor Doutor de serviço!!!
Pois tem razão, de facto. Parvoíce a minha pensar que a escala dos Senhores Doutores de serviço daquela zona poderia estar disponível numa página da net acessível à PSP ou então enviada para as esquadras da zona para prevenir embaraços com falecimentos em massa quando a net cai (sobre este tópico importantíssimo e muito realista falarei noutra oportunidade…).
É, de facto, muito mais prático o familiar do defunto ligar para a PSP, esta ligar para a Sra. 1 a qual fala com a Sra. 2, que diz à Sra. 1 para ligar ao Senhor Doutor, o que a Sra. 1 fará logo à primeira sem problemas (ou não), voltando a ligar à PSP para confirmar a hora de chegada do Senhor Doutor, a qual ligará ao familiar do defunto de novo. Nada mais simples!
Por isso, senhor leitor, se está a pensar em falecer, e não me diga que nunca pensou nisso antes, faça-o como deve ser, sim? Descubra o número da Sra. 2 da sua área e combine com ela qual o dia e hora que lhe dará mais jeito. Não será muito mais simpático se, quando souber do seu falecimento, a Sra. 2 disser “Ah, mesmo na hora marcada. O Sr. A (gosto de distinguir leitores de funcionários…caso o leitor seja também funcionário tenha a liberdade de pensar em si como A1) é mesmo uma pessoa respeitosa e pontual”?
Assim, quando ligar para a PSP a avisar que vai falecer poderá dizer que não é nenhuma piada de Carnaval, tanto que já tratou de tudo com a Sra. 2 (o que eles poderão ligar a confirmar, embora isso seja parvo, pois vai aumentar outra vez a cadeia de telefonemas), de modo a poupar trabalho à Sra. 1 e não causar perturbações ao trabalho de todos. Já que tem de falecer, e calculo que isto o possa enfadar um pouco, faça-o sem ser um empecilho desorganizado, sim?
Proximamente debruçar-me-ei sobre outras chatices como nascer antes ou depois do tempo de gestação previsto, nascer durante a noite ou nas férias do seu médico obstetra; ser despedido numa época em que os centros de emprego já têm demasiado trabalho ou ainda apanhar uma gripe em pleno pico gripal atafulhando o serviço nacional de saúde. Desconsiderações de cidadania que poderia facilmente ter evitado na sua vida caso tivesse pensado nisso antes. Não tem de quê!
Há coisas que aborrecem, outras que enfadam e outras que simplesmente chateiam. O falecimento é uma delas. O leitor pergunta-se neste momento se me estou a candidatar a algum posto de comentador televisivo por estar a constatar o sabido e óbvio. Não, caro leitor. Pode ficar descansado que eu ainda não estou para aí virado. Enfadá-lo por escrito empata-o bem mais que oralmente, pelo que aqui permanecerei.
Para o leitor perceber melhor esta minha reflexão, vou partilhar consigo esta bela experiência de vida que eu tive recentemente.
Local: sala de espera de um delegado de saúde pública da grande Lisboa;
Protagonistas: duas senhoras atrás do balcão, uma pessoa à espera de atendimento e aqui o vosso escriba;
Para efeitos de manter o sigilo (e porque, sinceramente, não faço ideia do nome das senhoras), chamarei senhora 1 e senhora 2 às protagonistas activas.
Sra. 1 (falando/gritando para a Sra. 2 à medida que se aproximava desta ao balcão) – Olha: temos mais um óbito!
Sra. 2 (mostrando alguma indignação com o assunto…) – Outro?!? Mas isto não é assim!
Nesta fase pensei rapidamente (sim, eu tenho a mente de um Lucky Luke, mas ainda na versão tabágica, que isto de um cowboy chupar palhinhas na versão politicamente correcta que actualmente é vendida é demasiado gayzola para o meu cérebro!!!): querem ver que o morto faleceu sem avisar? Isto de facto! Há gente que não tem consideração nenhuma pelo trabalho dos outros. Decide morrer e pumba…indecente!!!
Mas não era isso…
Sra. 2 (continuando a sua indignação) – Têm de ligar para a PSP e a PSP é que nos liga.
Aaaaaaaahhhhhhhhh, pensei eu. Afinal isto até é um diálogo normal e tal. Tu é que gostas de implicar. A Sra. 2 está indignada com muita razão. Quando alguém morre liga-se para a PSP e não para o delegado de saúde pública. Até porque ninguém tem o número do delegado de saúde pública da sua zona em casa, voltei eu a pensar (pode ser que se eu disser isto muitas vezes o leitor pense que eu penso muito…estou eu a pensar enquanto escrevo esta frase…está a ver, está a ver?). Errado de novo. Afinal alguém tinha o número do delegado.
Sra. 1 – Mas é da PSP!
Pois cá está. A PSP tem o número do delegado de saúde pública! Nem todos são como nós, mal informados e relaxados na sua cidadania!
Sra. 2 – Ah. Se é assim, então é preciso ligar ao Senhor Doutor para ele lá ir. Eles que digam qual é a morada.
Neste momento pensei como seria divertido a PSP não dar a morada e ir jogando ao quente…frio…morno…conforme o Senhor Doutor dava a sua posição GPS na esquadra, a qual era vista num mega-monitor na sala de espera. O objectivo era o frio, claro. Estamos a falar de um defunto!
Mas deixemo-nos de parvoíces que o assunto é sério. Por esta altura está o leitor a pensar que eu vou criticar a cadeia de telefonemas necessária quando se falece. Nada mais errado, embora o pudesse fazer perfeitamente.
A questão aqui é outra. Para que serve a Sra. 1? Ou a Sra. 2? Se o procedimento é mandar o Senhor Doutor para o local da morte (e já lá vamos tratar desta história de se falecer assim em catadupa, logo vários ao dia!!!), porque é que a PSP não liga de vez para o Senhor Doutor em vez de ligar para a Sra. 1 para que esta informe a Sra. 2, de modo a que esta diga à Sra. 1 para ligar ao Senhor Doutor? Estás a ser parvo, pensa o leitor (vê como sou seu amigo e também penso que o leitor pensa? Não sou egoísta!). A PSP sabe lá quem é o Senhor Doutor de serviço!!!
Pois tem razão, de facto. Parvoíce a minha pensar que a escala dos Senhores Doutores de serviço daquela zona poderia estar disponível numa página da net acessível à PSP ou então enviada para as esquadras da zona para prevenir embaraços com falecimentos em massa quando a net cai (sobre este tópico importantíssimo e muito realista falarei noutra oportunidade…).
É, de facto, muito mais prático o familiar do defunto ligar para a PSP, esta ligar para a Sra. 1 a qual fala com a Sra. 2, que diz à Sra. 1 para ligar ao Senhor Doutor, o que a Sra. 1 fará logo à primeira sem problemas (ou não), voltando a ligar à PSP para confirmar a hora de chegada do Senhor Doutor, a qual ligará ao familiar do defunto de novo. Nada mais simples!
Por isso, senhor leitor, se está a pensar em falecer, e não me diga que nunca pensou nisso antes, faça-o como deve ser, sim? Descubra o número da Sra. 2 da sua área e combine com ela qual o dia e hora que lhe dará mais jeito. Não será muito mais simpático se, quando souber do seu falecimento, a Sra. 2 disser “Ah, mesmo na hora marcada. O Sr. A (gosto de distinguir leitores de funcionários…caso o leitor seja também funcionário tenha a liberdade de pensar em si como A1) é mesmo uma pessoa respeitosa e pontual”?
Assim, quando ligar para a PSP a avisar que vai falecer poderá dizer que não é nenhuma piada de Carnaval, tanto que já tratou de tudo com a Sra. 2 (o que eles poderão ligar a confirmar, embora isso seja parvo, pois vai aumentar outra vez a cadeia de telefonemas), de modo a poupar trabalho à Sra. 1 e não causar perturbações ao trabalho de todos. Já que tem de falecer, e calculo que isto o possa enfadar um pouco, faça-o sem ser um empecilho desorganizado, sim?
Proximamente debruçar-me-ei sobre outras chatices como nascer antes ou depois do tempo de gestação previsto, nascer durante a noite ou nas férias do seu médico obstetra; ser despedido numa época em que os centros de emprego já têm demasiado trabalho ou ainda apanhar uma gripe em pleno pico gripal atafulhando o serviço nacional de saúde. Desconsiderações de cidadania que poderia facilmente ter evitado na sua vida caso tivesse pensado nisso antes. Não tem de quê!
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