sábado, 23 de julho de 2016

Anda fazer uma viagem no tempo comigo, anda...

Vejo-te ao longe e penso para mim: como és bonita. Por onde andaste tu? Dizem que o tempo por ti não passa. Eu acho que estão errados. O tempo não somente passa por ti, como te leva com ele: devagar, apreciando-te e moldando-te a seu jeito. Quem por ti souber esperar, como se espera pelo evaporar do orvalho da manhã, renascerá como a flor que se abre aos primeiros raios de luz, aquecida por algo de transcendente como só o teu calor é comparável.

Não acredito em prazeres rápidos. Ou melhor, eles existem, mas são fugazes e deixam atrás de si um vazio do tamanho do tempo que lhes escapou. Contigo tudo é lento, desde o sorriso que já aprendi a pressentir, ao aceno com que te despedes sem um gesto fazeres. Nesse aceno idealizado sopras-me um beijo e, com ele, apertas-me o coração para nunca mais o largares. Ele é teu como dele eu sou e ambos somos do tempo que nos foge.

Sinto-te fugir…a ti…tempo que comigo brincas num jogo de apanhada invertido, em que começamos apanhados, para de ti fugirmos. E tu? Queres vir comigo fugir do tempo que nos foge e nos persegue ou estamos condenados a por ele sermos feitos joguetes no jogo da nossa vida?

Gostava de ser como tu, que vives numa perenidade etérea como se o amanhã fosse um dia longínquo, como se o devir mais não fosse que algo pelo qual se pode esperar eternamente.

Eu, que me sentia tão vivo até tu chegares, sinto-me congelado de emoção, suspenso no tempo em que vives, um tempo tão teu que nem o tempo o consegue contar.

Seremos as pessoas certas na altura errada ou tão somente dois comboios que circulam em linhas temporais paralelas destinadas a nunca se cruzarem?


Gostaria de ter-te como o tempo te tem: integral e completamente, com todo o tempo no mundo que só o tempo tem.  E tu? Que queres? Dá-me a tua mão, dá. Caminharemos de mãos dadas com ele, sem precisarmos de fugir ou apanhá-lo, pois ele será nosso como nós seremos um do outro...