terça-feira, 14 de março de 2017

730 dias e parece que foi ontem...

Faz hoje dois anos que partiste e nos deixaste a todos mais pobres, mais tristes e em dor profunda.

Lembro-me de vir a conduzir do Algarve com uma pequena parte dos meus pertences no banco de trás após um exame teórico e vir a chorar em plena auto-estrada. Boa parte da A2 foi feita turva e, talvez também por isso, o Algarve não me deixou grandes saudades, pois era dele que partia para te acompanhar naquele processo por que ninguém merece passar de consultas após consultas, sessões de quimioterapia e angústia. Mas, acima de tudo, era para ele que voltava quando tinha de te deixar, nunca sabendo se te iria voltar a ver a sorrir para mim, se irias voltar a dar-me um beijo terno e se mais alguma vez te irias orgulhar das mais pequenas conquistas que fazia, pois todas elas eram fonte de felicidade para ti e isso dava-me, dá-me forças!

Fui reler as palavras que escrevi nas tuas exéquias e leio que iria ter saudades de rir contigo, que esperava ser suficientemente bom nesta vida para ganhar o direito de te visitar e que merecias toda a bondade que existisse no mundo, terreno ou não.

Estava errado, pois nunca deixei de rir contigo, de me lembrar de ti quando faço algo de bom e de partilhar em pensamento as minhas dúvidas e questões. Acima de tudo, dou por mim a perguntar-me muitas vezes o que dirias para me aconselhares. E o mais engraçado é que creio saber o que dirias. Se mais provas fossem necessárias da importância que tiveste na minha formação humana esta seria mais uma.

Vejo e revejo fotos tuas, mas nunca nenhuma fará jus à tua grandeza, à tua bondade, à tua capacidade de luta e à tua beleza interior.

A tua partida afinal não me deixou mais pobre. Continuas a enriquecer-me dia após dia, pois a cada passo que dou, levo-te pelo braço comigo, a cada decisão que tomo, penso-a contigo, e a cada beijo que dou na tua bisneta, dou-o contigo no coração.

Amo-te hoje e sempre minha querida Vó Tete!



Educação para o futuro ou casas de banho há muitas

- Pai: (ao passarmos em frente ao estádio do SCP) Como é que se chama o estádio do sporting?

- Casa de banho, filha, chama-se casa de banho.

- Casa de banho! Hahaha! Que engraçado pai! Porque é que se chama casa de banho?

Nestes momentos temos de ser ponderados e usar de mentiras piedosas para não ferir susceptibilidades. Dizer a uma criança de 6 anos que se chama casa de banho porque o futebol que lá se joga é uma grande caca poderia prejudicar a apetência pelo desporto e quero que a minha filha seja activa!

- É pelo seguinte filha: há muitos anos, na província, as pessoas tinham pouco dinheiro e quando faziam uma casa cobriam a casa de banho com o resto dos azulejos da cozinha, da sala e por aí fora. O sporting fez o mesmo: usou restos de azulejos de outras coisas em Lisboa para fazer o seu estádio. Daí ter tantas cores, era o que havia!


E sim, não lhe quis dizer que tinha sido coisa do Taveira, pois depois ela ia perguntar quem era o Taveira e já viram onde isto iria parar: de novo à caca!!!

- Aahhhhh. E porque é que o do Benfica se chama Catedral?

- Ora, porque, como nas catedrais, que são igrejas muito grandes, as pessoas vão lá para serem felizes e se sentirem bem. E, como ao estádio do Benfica vai muita gente para ser feliz, uma igreja não seria suficiente.  Daí chamar-se Catedral!

- Casa de banho...hahaha. Que giro!

Isto de ser pai não é fácil, mas alguém tem de assegurar o direito à educação das gerações vindouras!!!