terça-feira, 25 de agosto de 2015

Running, Crossing ou bardamerdeite para esta moda

A sério, isto do “Running” e do “Crossing” e mais não sei do quê enerva os anjinhos. Mas o que raio é que aconteceu à corrida e ao corta-mato? Emigraram também?

Porque é que se insiste em utilizar termos anglo-saxónicos quando a nossa língua tem já palavras para tal? Para dar um ar de modernismo bacoco?

Gostava de conhecer o tipo que decidiu que corrida não era bom o suficiente e passou a dizer “Running” e, especialmente, gostaria de espiá-lo no dia-a-dia. Estou mesmo a ouvi-lo:

- Estou? Mãe? Aconteceu-me aqui uma coisa no trabalho e não posso ir “Dining” consigo. Sim, mãe, “Dining”. Eu sei que tinha dito que ia aí jantar, mas como estou farto de pataniscas de bacalhau, decidi chamar-lhe “Dining”. Assim como pataniscas à mesma, mas soam-me a escalopes de garoupa!!!

Horas mais tarde…

- Amor: anda cá!

- Agora não posso que estou a fazer “Ironing” (sim, aquilo lá por casa deverá ser contagioso!!!)

- “Ironing” com este calor? Mas que te deu para isso agora?

- Olha, se o menino parasse de fazer “Scratching” no sofá e viesse mas era ajudar com o “Washing” da loiça é que fazia bem em vez de estar para aí “sending” bitaites!!! E se fosse a ti despachava-me se não mais logo não há “Fu**ing” para ninguém!!!

É claro que também podemos imaginar que o tipo em questão usa um telemóvel para calcular as calorias que gasta em todas estas actividades, o tempo que demora, a distância que percorre e depois, é claro, mete tudo no Facebook. Ou se calhar não…adiante!

Posto isto, se alguém conhecer o fulano em questão gostaria de lhe sugerir um novo desporto que me ocorreu enquanto corria hoje (sim, eu sou pobre, só corro mesmo). Chama-se “Tanging”!

Não, não é corrida à Durão Barroso usando tanga e muito menos uma versão da corrida das bandejas com a famosa bebida Tang em copos que os empregados têm de levar do ponto A para o ponto B.

A ideia surgiu-me quando, graças ao modo aleatório do meu leitor de mp3, dei por mim a correr enquanto ouvia Astor Piazzolla. Imaginem: a correr de sapatinho brilhante, vestido a rigor e com uma rosa na boca ao som de Astor Piazzolla. Isto sim, seria um desporto com classe...agora "Running".


E já sabem, se algum ginásio copiar esta ideia fica aqui o aviso: o “Branding” é meu!


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Só por ti...

A noite passeia-se, impávida e serena, como que fazendo troça de mim. Sabe que a procuro, que a desejo, mas que nunca será minha como eu sou dela. Por isso pode dar-se ao luxo de agir assim comigo, como se todo o tempo do mundo fosse dela como é.

Abomino-te, sabes? Pérfida como és, sabes perfeitamente que estás condenada a morrer assim que o Sol nascer e nem assim deixas de me encantar intensamente como se não houvesse amanhã!

Achas piada? Calculo que sim, que te rias desmesuradamente somente porque sim, porque podes. Quantos somos? Ao menos fazes ideia do tamanho do teu harém? Quantos ansiamos por que chegues só para te vermos partir como se nunca tivesses existido?

Adormecido enquanto acordado vagueio por ti, descubro-te, reencontro-te, reconheço-te e perco-te. Por vezes descubro-me em ti, outras vezes perco-me ao descobrir-te. Maldito seja o teu encanto!

Porque não me levas de vez e deixas de atormentar-me? Leva-me nos teus braços embalando-me como só tu sabes, levas? Faz-me voar montado no Pégaso dos meus sonhos, calcorreando os teus negros prados de luar banhados para depois me deixares cair ao som do vento numa canção de eterna saudade do devir.

E este é o meu fado: desejar-te para todo o sempre quando sei que todo o teu sempre acaba já, até à próxima vez que me vieres desinquietar no meu sossego com a tua melodia insidiosa.


Odeio-te tanto que te amo como nunca amei o Sol, apesar de ele me aquecer nesta cruel sobrevivência por ti vivida. Só por ti…