segunda-feira, 6 de maio de 2019

As Cinquenta Sombras de Grouse

Já relativamente refeito das questões gastro-intestinais e da sopa de urso que me tinha sido servida na véspera, decido dedicar o último dia a visitar o Museu Marítimo de Vancouver e a Grouse Mountain.

Ao chegar ao museu, oiço uma música familiar dos filmes infantis e eis que me deparo com um clássico:


Infelizmente ainda não estava pronto para comer gelados, pelo que entro no museu mesmo a tempo de ouvir a história do St. Roch, navio-patrulha e explorador canadiano construído especialmente para o Ártico, tendo sido o primeiro navio a completar/descobrir a passagem Noroeste do Ártico, consolidando assim a soberania do Canadá na zona e acabando mesmo por ser o primeiro navio a circum-navegar a América do Norte. 

Enquanto ex-homem do mar foi um privilégio estar a bordo desta embarcação, ter conhecido um pouco da sua história e da história dos navegadores desta zona inóspita do nosso planeta.






Nesta foto, o pormenor da tenda Inuit onde uma família "viveu" durante uma das viagens exploratórias do St. Roch, ajudando na navegação por entre o gelo. Numa dessas vezes, no meio do nevoeiro, sem possibilidade de perceber onde estaria, o capitão pediu ajuda à avó da família, a qual depois de algum tempo de vislumbrar um horizonte onde nada se vislumbrava, apontou para o mapa e disse ao capitão a localização onde estavam. No dia seguinte, após o nevoeiro dissipar, e com a ajuda dos instrumentos de navegação, o capitão confirmou que a avó estava correcta.




Acrescento ainda que este navio levava mantimentos e era o único contacto entre o estado canadiano e as populações do Ártico, Inuit inclusivé.





Este museu tem outros pontos de interesse, mas sem dúvida que foi construído literalmente à volta do St. Roch, sendo visita obrigatória para todos aqueles que se interessam pelo mar e por História.

Seguidamente, visitar a Grouse Mountain, montanha de lazer de Vancouver, a qual é servida por um teleférico que demora 8min a chegar ao topo. E aqui, meus amigos, tenho uma pergunta para vos fazer. Para que acham vocês que servem estes anéis e estas bolas penduradas no teleférico?


A resposta será dada no final desta crónica, mas deixo-vos com algumas hipóteses:

1 - Para as pessoas se agarrarem
2 - Para pendurar equipamento de montanha
3 - Para os funcionários fazerem um remake canadiano de seu nome As Cinquentas Sombras de Grouse


Entretanto, não deixo de apreciar o sentido de humor canadiano no definir da lotação do dito teleférico: 100+1 pessoas. Conhecem a anedota do batedor do exército que volta às fileiras e informa o seu capitão que o inimigo tem um exército de 1001 homens?

Pois, é o mesmo princípio. O batedor disse ao capitão saber que era um exército de 1001 homens, pois vinha 1 soldado à frente e uns 1000 atrás. Neste caso há um manobrador do teleférico que vai sentado e depois devem caber uns 100 mamíferos bípedes lá dentro de pé! Pérolas, meus caros, pérolas!!!


Assim que começamos a subir, a vista sobre Vancouver começa a revelar-se, e Vancouver mostra que é, efectivamente, lindíssima.




Contudo, se pensam que o humor dos canadianos se resume à estimação da capacidade dos teleféricos, enganam-se. Chegado ao topo, os manhosos continuam a fazer pouco dos turistas, nomeadamente com isto:



Sim, sim, pois já sabemos. Aqui até dizem que há Grizzlies. Pois está bem! Como eu não me dou por fraco, alinho na coisa e celebro o meu terceiro urso...constatem o meu estado de exaltação!!!



Dou umas voltas pelo topo da montanha e janto num restaurante panorâmico para me despedir de Vancouver, pois seria a última vez que a veria. O jantar foi excelente, tendo sido servido por um canadiano que veio no mesmo vôo de Lisboa para Londres comigo na semana anterior depois de ter estado nove dias de férias com a família em Portugal. Sai um apontamento do Capitão Cliché desta vez: o mundo é mesmo uma aldeia!



Na descida no teleférico já feita de noite, a cidade ganha outra beleza e assim digo-lhe o último adeus.



Foi uma excelente viagem a um destino longínquo que me permitiu conhecer outras culturas, aumentar o meu conhecimento histórico e contactar com realidades diferentes das nossas. Regresso verdadeiramente mais rico, objectivo último de todas as viagens que faço.

Ah, é verdade. O prometido é devido. Os anéis e as bolas penduradas. Já escolheram a vossa hipótese predilecta? 

Intrigado pela eventual utilidade da coisa pergunto ao manobrador do teleférico na descida para que servem, ao que ele olha para mim com ar de quem ouviu uma pergunta parva e responde: para as pessoas se agarrarem, claro.

Agradeço a "explicação" e fico a pensar a razão que levou alguém a decidir pendurar anéis e bolas para os passageiros se agarrarem. Dar às pessoas o direito de se agarrarem a bolas ou a anéis conforme o seu gosto e apetência é bonito.

É, efectivamente, um país com sentido de humor este!

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