Uau! Por onde começar? Antes de
mais, tenho de partilhar que jamais conseguirei colocar “no papel” o dia
fascinante que acabei de ter, a quantidade de experiências e de partilhas, de
aprendizagens e de hospitalidade de toda a gente com quem contactei!
Limitar-me-ei a fazer uma
descrição o mais fiel possível de tudo. Se, no final, sentirem que ficou algo
por saber, terão toda a razão!
Saio de manhã em direcção à Fortaleza de Hissar, casa do representante do Emir de Bukhara, tendo sido inicialmente construída no século XVI e recentemente reconstruída. Contudo, tudo no Tajiquistão tem, não outra história por detrás, mas imensas histórias por detrás..
O Tajiquistão ou toda a zona do
povo Tajique, o qual se encontra actualmente dividido por 3 países, sendo o Uzbequistão
e o Afeganistão os restantes, foi ocupada por tantos impérios ao longo da sua
História que tentar encaixar todos e todas as implicações destas ocupações é
tarefa impossível para mim neste momento. A História começa em Sarazm, da época
do Neolítico e da Idade do Bronze (civilização de Oxus), depois o império
Aqueménida de Ciro, II (o Grande), o império de Alexandre o Grande, o império
Sassânida ou Neo-Persa, o império Samanida de Somoni, o herói nacional que dá
nome à moeda local, o império Mongol de Gengis Khan, o império Timúrida, o
Canato de Bucara e finalmente o império Russo, culminando na União Soviética.
Parecem muitos? Acreditem que não
os consegui nomear todos. Quase todas as religiões foram aqui praticadas, desde
o budismo, cristianismo, islamismo, hinduísmo, zoroastrianismo, maniqueísmo e
muitas outras.
Sabem o que melhor resume esta
minha primeira visita? À medida que Acmal, o fantástico guia e director do
museu local, ia falando comigo e tentando saber também coisas da História de
Portugal, eu dei por mim a dizer-lhe que a nossa História era muito recente,
pois demorou um bocado a cair a ficha, mas quando Portugal foi formado com as
actuais fronteiras já o Tajiquistão “ia” no império Mongol que, para eles, até
é dos mais recentes. É toda uma nova perspectiva sobre antiguidade!
Os mongóis, como povo nómada,
consideravam os povos sésseis inferiores e aniquilavam tudo por onde passavam,
tendo sido um período terrível para os Tajiques, como para muitos outros na
Ásia Central. Curiosamente, ou não, quando o Acmal fala do período bolchevique e de toda a destruição que causou, fá-lo de um modo mais racional, mas quando fala do período mongol, fá-lo com emoção na voz e no olhar. É um terror transmitido por setecentos anos num povo. Impossível ficar indiferente!
Muro da época Mongol – séc. XIII
Não sendo objectivo dar uma aula
de História a quem quer que seja, deixo somente aqui uma semente para quem
quiser saber mais pesquisar. Uma coisa vos garanto: duas horas neste complexo
são a melhor lição de História da Ásia Central e da Humanidade que posso
conceber.
Partilho algumas fotos desta
visita convosco:
Depois de sair da fortaleza de
Hissar ainda atordoado com tanta informação nova, dirigi-me então para uma
mesquita abandonada do século XVI, levando comigo estas paisagens incríveis, mas acima de tudo uma enorme humildade de quem se sentiu esmagado por mais de 5000 anos de História!
Gratidão imensa pela partilha desta aventura por um país que eu própria desconhecia a sua existência. Votos de boas férias, muitas aventuras, novos conhecimentos e diferentes perspectivas. Beijinhos de imensa Luz Cláudia Mourato
ResponderEliminarGrato pela atenção dispensada e pelo carinho das palavras. Beijinhos
Eliminar